Natal -RN, 2007.

    
    Escreverei o meu testemunho de conversão...

     Nasci em um lar, onde nunca faltou amor. Meus pais amavam seus filhos. Eu era o mais novo. Aos 14 anos de idade passei em um importante concurso público de nível nacional. Continuava aí a manifestação da misericórdia de Deus em nossa família. Logo aprendi que tinha facilidade em aprender idiomas e em matemática. Falo isso não para engrandecimento próprio, mas para que compreendam como as coisas aconteceram na minha vida...
    Aos 21 anos, eu já estava formado no 3º Grau de estudo (em 1983), iniciava uma carreira fervorosa e pura nos ideais, como a mantenho até hoje.
    Em 1985, entretanto, algo estava para mudar... Meu pai tinha um tumor no lobo frontal do cérebro, desde os 35 anos e ninguém sabia... somente a minha mãe (que era hipertensa) sabia. Ela o medicava e o médico dele havia falado que uma cirurgia seria por demais perigosa. Era 1957 e a medicina não era tão avançada. Tudo que se sabia é que, quando ele começasse a perder a memória, seria o início do fim. Aos 66 anos de idade,meu pai deixara o seu emprego para se aposentar. Ele era técnico em radiologia. ...Muitas pessoas não se preparam psicologicamente para a aposentadoria... Meu pai começou a definhar e aos poucos foi perdendo a memória... Todos os irmãos ficamos preocupados e procuramos ajuda médica o que foi conseguido, mas só a nossa mãe sabia que era o início do fim. Antes mesmo de ele ser internado, quando ainda era medicado na casa da minha irmã, A minha mãe (única sabedora do problema) teve um enfarto e faleceu no dia 13 de fevereiro de 1985... Escondemos do nosso pai o quanto pudemos, embora ele perguntasse muito sobre ela... Um dia, após uma reunião de irmãos, por vermos o sofrimento dele ao querer saber sobre ela, decidimos contar... Ele só emitiu um som, enquanto levou a mão à testa, como de costume, e disse: - Ahhh... Ali começou, verdadeiramente, o seu fim. A memória que vez por outra voltava, foi-se de vez...o quadro evoluiu até ser internado na CTI do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, 13 dias depois da minha mãe, dia 26 de fevereiro de 1985, meu pai, meu herói, faleceu...
     Num intervalo de 13 dias, as pessoas que foram o meu "chão" haviam ido embora. Apenas duas coisas me sustentavam. A primeira era o registro de uma história de amor...Minha mãe falecera por amor ao meu pai e meu pai falecera por amor à minha mãe... Outra coisa era a fé aprendida tradicionalmente que apontava a existência de um Deus e de um Salvador. Embora eu não tivesse uma experiência direta com Eles, eu tinha esperança que um dia Eles me explicariam tudo. Assim eu fui vivendo, pela esperança de conhecer a verdadeira explicação de Deus sobre a perda dos meus pais.
     Baseando-me na esperança de um dia saber, fui vivendo, sem esperança nenhuma de obter resposta nesta vida... Empenhei-me a praticar atividades que envolvessem risco de vida, pois não tinha muito motivo para continuar neste planeta. Em meu trabalho, uma vez por ano, nós declaramos quem serão os nossos beneficiários para receber pensão no caso de nossa morte, desde 1977 eu declarava a minha mãe para tal fim...Em 1986, foi duro deixar em branco esta linha de um documento tão importante da minha vida. Não havia esposa, não havia filhos, não havia pai e não havia mãe para receber nada, caso eu morresse. Meus irmãos tinham suas vidas a cuidar e reconstruir e eu estava trabalhando em contrução de estradas na transamazônica. No coração da selva brasileira,... eu chorei..., chorei a perda das pessoas que eu tanto amei na vida, chorei à noite na selva, sozinho,...cheio da plenitude de um imenso vazio de amor. A escuridão da selva mais importante do mundo, emendando-se com a escuridão de um céu amazônico absolutamente sem poluição nenhuma, espelhava a escuridão do meu peito... vazio e com um imenso nó de mágoa crescente...Os meus olhos se voltavam para o céu e sem nenhuma palavra eles diziam: - Deus, por quê?... Decidi, então não esperar mais a resposta. Comecei a buscar a resposta por mim mesmo, através de uma busca incessante da verdade sobre a vida.
     Iniciei, pesquisando em livros que recebia de amigos lá na transamazônica. Decidi pesquisar sobre a vida de Ghandi (Mohandas Karamchan Ghandi, conhecido como Mahatma Ghandi - Mahatma significa Grande Alma). Ghandi havia libertado a Índia do domínio inglês, pregando a "não violência". Eu sabia disso, por isso decidi começar por ele. Aprendi que Ghandi era advogado, formado por uma universidade inglêsa. Durante o período de sua formação, teve contato com a cultura ocidental e com o cristianismo. Estudando o Novo Testamento, Ghandi conheceu o Sermão da Montanha (assim chamado, o sermão do monte). Sobre o texto, Ghandi proferiu as seguintes palavras: - "Se todos os livros da Terra fossem queimados e se sobrasse somente o Sermão da Montanha, muito pouco se perderia." Essas palavras tocaram profundamente meu coração. Ghandi, que eu tinha como o meu maior herói estava dizendo que as palavras de Jesus, o Nazareno eram mais importante até que os livros que ele mesmo tinha escrito... eu estava atônito... Mas, pela mágoa no meu coração, eu não procuraria a Jesus. Meu coração estava muito endurecido... Eu não procuraria Jesus.
     Procurei então o conhecimento acerca de Buda. Descobri que Sidarta Gautama (Buda) havia escrito um livro chamado Baghavad-Gita, relacionando fatos de sua vida e seus ensinamentos aos seus seguidores. Comecei a ler trechos do Gita. Num desses trechos é contada o ensinamento a um discípulo: "Buda e um discípulo estavam sentados à sombra de uma árvore, quando um homem cheio de ódio chegou a eles e começou a ofender muito a Buda. Este nada fez, continuou parado e calado, então o homem gritou mais alto as ofensas e bateu no rosto de Buda. Este nada fez, continuou calado e parado. Por fim, o homem foi embora xingando e ofendendo a tudo. O discípulo maravilhado com a calma de seu mestre, perguntou: - Mestre, por que o senhor não fez nada? Buda respondeu: - O homem veio com uma energia negativa chamada ódio, como eu não fiz nada, ele não conseguiu passar para mim, então ele foi embora com aquela energia e eu não fui atingido." Milhões de pessoas no mundo têm lido esse texto e têm achado isso o máximo em termos de ensinamento espiritual. Porém, eu já tinha ouvido falar de uma história parecida em outro lugar... Jesus era a resposta. Ele mandava dar a outra face. O objetivo era que fosse sugado todo o mal do homem oponente, até que, uma vez vazio, o homem seria preenchido com o amor. Buda buscava o bem para si mesmo, enquanto Jesus buscava o bem para o oponente. Ainda assim, eu não procurei a Jesus...
     Em outro Estado do Brasil, conheci, em 1992, um "amigo" que me apresentou um livro. O livro fala de uma peregrinação numa trilha mágica de um mago . O autor se intitula "mago". Se ele é ou não, cada um chegue à sua própria opinião, comparando a cultura que ele tem com o grau de importância que ele alcançou na literatura brasileira. Naquele livro, o fato é, que eu me iniciei na magia... Aprendi a ver o mundo de outra forma, aprendi a ler pensamentos, a ver o passado de pessoas e até a prever o que aconteceria num futuro bem próximo, ou seja, prever fatos dos próximos minutos (apenas minutos). Comecei a ver o movimento das estátuas... Comecei a ouvir vozes que falavam comigo constantemente, formando um barulho incessante Com todo esse poder, aumentei o meu conhecimento para o campo da hipnose. O mundo começou a ficar pequeno para mim, pois tudo havia ficado alcançável... Ao par disso, eu fui ficando sozinho... solitário mesmo, pois ninguém era capaz de "sintonizar" o meu pensamento a ponto de me fazer companhia. Uma tristeza crescente passou a tomar conta de mim e eu parei de sorrir e de chorar. Nada era surpresa para me alegrar ou entristecer... Somente a minha esposa dizia que eu, no fundo, era bom e constantemente cantava para mim uma canção que dizia: - "Nosso Deus é soberano, Ele reina antes da fundação do mundo... A terra era sem forma e vazia e o Espírito do nosso Deus se movia sobre a face das águas..." Esse canto era o descanso de minha alma sofrida, poderosa e profundamente triste. Deus havia colocado uma esposa digna e que louvava ao Senhor bem do meu lado.
     O conhecimento sobre magia crescia e procurei aprofundar-me nos conceitos místicos da física quântica, veja bem, nos conceitos místicos e não na física em si. Quando então, precisei ser operado. Antes da operação, comprei livros mágicos que falavam sobre o Tao da física e peguei filmes com mensagens ocultas como o STAR GATE, para estudar após a operação. Uma vez operado, fiquei oito dias em casa de cama estudando magia, até que meu cunhado veio me visitar e fez uma pergunta: AS DUAS PERGUNTAS Você gosta muito de ler, não é? Respondi que "sim, por quê?" Por que você não lê a Bíblia? Pensei e respondi: - Quem sabe? Pensei comigo: - Lerei a Bíblia e descobrirei o poder mágico de Jesus, assim eu estarei a frente dos crentes e terei poderes que eles irão adorar. Eu serei venerado como santo. Eles não sabem ler a Bíblia, não conhecem os códigos secretos de magia e nunca terão o poder que eu tenho... Assim, com esse pensamento, iniciei a leitura analítica e crítica da Bíblia.Comecei pela capa e em seguida vi o seguinte texto: "Tradução de João Ferreira de Almeida". Quem seria João Ferreira de Almeida? Esta foi a primeira pergunta e fruto da primeira pesquisa. Depois que descobri que ele era um português letrado, prossegui com a leitura. Não pude iniciar a leitura do livro de Gênesis, sem saber o que significava a palavra Gênesis (criação a partir do nada, não é como o carpinteiro que cria uma cadeira a partir da madeira, é criação cuja matéria-prima é nenhuma) Li Gênesis, Êxodo e Levítico, então percebi (pela quantidade de sacrifícios pedidos) que "esse deus era mau"(meu entendimento da época), quando chegou a vez de ler o livro de Números, vi que se tratava de um censo, isto é, uma contagem da população, então decidi não lê-lo. Entretanto pensei: - Espere, os números têm a ver com a numerologia, quem sabe aí está o poder de Jesus? Comecei, então a ler o livro de Números (o quarto da Bíblia) e os sacrifícios continuavam. No livro de Números, capítulo 31, deparei com uma situação de guerra contra os midianitas. Deus manda Moisés vingar os filhos de Israel dos midianitas e, após a vitória, os lucros da guerra são muitos. A partir do versículo 25, Deus faz a divisão da presa. Ele mandou dividir entre os hábeis guerreiros e mandou separar uma parte para o serviço dEle, pronto (pensei na época) aí vem mais sacrifício. Quando então, li o versículo 38 que diz que "E foram os bois trinta e seis mil, dos quais foi o tributo para o Senhor setenta e dois. Ué? 39 E foram os jumentos trinta mil e quinhentos, dos quais foi o tributo para o Senhor sessenta e um. Ué?Ué?Ué?Ué? TUDO QUE EU PENSEI ESTAVA ERRADO... MATEMATICAMENTE,Deus era bom! Deus pedia para o seu serviço 0,2 porcento do total de bois, menos de um por cento do que Ele mesmo havia dado!!! Deus pedia para o seu serviço 0,19 porcento do total de jumentos, menos de 0,2 porcento do total que Ele mesmo havia dado!!! MATEMATICAMENTE, DEUS ERA BOM... EU ESTAVA ERRADO! Comparei com a minha vida... Deus havia me dado uma família ótima que me amou, oportunidade de estudar, oportunidade de passar num concurso nacional que me deu uma carreira, e, por fim, uma esposa maravilhosa, fiel e temente a Deus... e eu? Nem um pedacinho dos 0,2 porcento de tudo que ganhei eu havia retribuído para o serviço de Deus.
     No linguajar que eu tinha na época, decidi que eu não merecia viver. Aquele ser rancoroso, cheio de malícia e feitiçaria deveria findar. Decidi que Jesus deveria viver no meu corpo para continuar a Sua obra. A minha obra deveria acabar, então chorei muito, a ponto de formar uma poça de lágrimas junto a minha cama. Quando minha esposa chegou e me viu naquele estado, transformado, chorando, percebeu que aquele corpo não era mais habitado pelo mesmo homem mau. Ela não me via chorar a mais ou menos três anos. Nos abraçamos e choramos de alegria, juntos. Um grande peso saiu de sobre os meus ombros e eu nunca mais ouvi vozes.
     Isto realmente aconteceu e hoje (9 anos depois), ensino o caminho de Jesus, o Cristo, como sendo o único caminho para a Salvação deste mundo e como solução dos problemas profundos da alma humana. Não sou perfeito, Mas amo e aponto a todos o meu Senhor Jesus. Ele, sim, é perfeito. Deus os abençôe.